Entrevista Sandrine Lage, responsável pelo Great Place to Work Institute em Portugal Autor: Data Publicação:16/03/2009 Depois de mais uma edição da entrega de Prémios para a Melhor Empresa para Trabalhar em Portugal, o Empregos Online conversou com a responsável pelo evento em Portugal. Sandrine Lage, sócia e responsável pela Sperantia - empresa representante do Great Place to Work Institute em Portugal fez o balanço do evento, marcado pelo ênfase na responsabilidade social das empresas. Garantiu que na próxima edição, os critérios de avaliação manter-se-ão, mesmo com a conjuntura económica menos favorável. Empregos Online: O Great Place to Work Institute Portugal realizou mais uma entrega de prémios. Qual o balanço que faz da edição deste ano? Sandrine Lage: Até ao momento, o feedback das organizações foi o mais positivo possível. Correspondendo às expectativas das mesmas, o nosso objectivo está cumprido. Adicionalmente, os elogios do Ministro Vieira da Silva funcionam como inegável factor de motivação. O facto de reconhecer a inovação que o Instituto introduz anualmente, em Portugal, através do lançamento de novos prémios e da partilha crescente de boas práticas contextualizadas e alinhadas com a sustentabilidade, é bastante recompensador, além de confirmar o nosso papel: contribuir para uma sociedade melhor. Sandrine Lage, responsável Sperantia EO:«Uma boa ideia, sempre a mudar», foi a descrição do Great Place to Work Institute Portugal feita pelo ministro do Trabalho e da Solidariedade Social. Já tem alguma ideia de como será a próxima edição? Já tem novidades em mente? SL: A ideia da sustentabilidade e da responsabilidade social está ligada ao meu background e à missão da Sperantia que representa o Instituto em Portugal. No entanto, não é nosso objectivo aumentar o número de prémios, mas sim, disponibilizar cada vez melhores exemplos. Contudo, depende sempre dos resultados. E esses, só descobriremos no final da avaliação relativa a 2010, ou seja no final do ano. O mesmo sucedeu com o Prémio de Melhor Concelho para Trabalhar. A ideia apenas surgiu após verificarmos que a taxa do conjunto de satisfação mais elevada dos colaboradores se encontrava em Oeiras, bem como o maior número de organizações com a melhor taxa de satisfação. Já o Prémio das Melhores Para Trabalhar para as Mulheres foi criado em Portugal, por exemplo, porque inúmeros estudos publicados recentemente confirmam o desfasamento entre as condições entre homens vs mulheres. Actualmente, são inúmeras as mulheres em cargos de direcção que auferem 70% do valor salarial que o sexo masculino aufere (100%), para desempenhar a mesma função... EO: Irá haver algum ajustamento dos critérios de avaliação, tendo em conta a actual conjuntura de crise? SL: As Melhores Para Trabalhar terão sempre as mesmas características como pilar e um índice de confiança no ambiente de trabalho acima da média. Naturalmente, o máximo que pode acontecer é verificar-se (a título de exemplo) uma média de 90% de satisfação no top 5 ou 10, que poderá sofrer um decréscimo na média global. Contudo, a verificar-se não deverá ser característica única de Portugal. Pode, inclusive, suceder o inverso. Quem sabe as pessoas não começam a valorizar mais os benefícios que têm? Creio que o ajuste deverá ser feito em grande parte, do lado das empresas, para valorizarem cada vez mais os talentos – e este projecto é uma mais valia nesse sentido – e do lado dos colaboradores, que terão de entender que chegou o momento de trazer valor acrescentado à organização e de “arregaçar as mangas”. Não haverá espaço para pessoas que apenas procuram “emprego”. O próprio mercado tratará de fazer essa selecção naturalmente. EO: Porque optou por dar mais ênfase à responsabilidade social na edição deste ano? SL: Essa opção advém do meu percurso. Desde 2000 que foi uma área que sempre acompanhei e que reforcei com um mestrado em sustentabilidade. Contudo, em comparação com exemplos internacionais, considerei ser o ano mais indicado para adicionar estes indicadores ao projecto das Melhores Empresas Para Trabalhar / Best Workplaces. Hoje, mais do que em 2000, a sustentabilidade das organizações já começa a ser transversal e a ser incluída na gestão diária e de médio/longo prazo. Há dez anos – e ainda hoje, nalguns casos – caracteriza-se apenas por acções ou práticas pontuais, isoladas do contexto da organização. À semelhança da Sperantia, em Portugal, no Reino Unido, antes de existir um Great Place to Work Institute havia – e há – a Accountability, também muito ligada a questões relacionadas com RSE e Sustentabilidade. Foi um passo natural, seguindo o exemplo do Instituto no Reino Unido. EO: Concorda com a visão do ministro de que a responsabilidade social deve partir das empresas e crescer com elas de forma gradual, não devendo ser uma regra? É também contra uma possível directiva da União Europeia neste sentido? SL: Não sou contra, mas a não ser que haja fiscalização efectiva, não funcionará na prática... De qualquer modo, a responsabilidade social deve surgir numa base voluntária. Toda esta elite de organizações actua numa base voluntária, pautando-se por práticas de excelência porque entendem que reduz os riscos, potencia o seu branding, atrai talentos e torna-as mais competitivas. É uma questão de ética, mas de sobrevivência a longo prazo. A qualidade destas organizações existe porque estão sempre um passo à frente e tentam sempre ir além do que a lei prevê, ou estar acima da média de mercado. Não se contentam com a mediania. Querem ser as melhores e isso torna-as únicas. E quando falo de responsabilidade social, falo de gestão (integrando a responsabilidade interna e externa) e não de marketing social ou apenas de solidariedade social. Partilhar esta informação
Entrevista Sandrine Lage, responsável pelo Great Place to Work Institute em Portugal Autor: Data Publicação:16/03/2009 Depois de mais uma edição da entrega de Prémios para a Melhor Empresa para Trabalhar em Portugal, o Empregos Online conversou com a responsável pelo evento em Portugal. Sandrine Lage, sócia e responsável pela Sperantia - empresa representante do Great Place to Work Institute em Portugal fez o balanço do evento, marcado pelo ênfase na responsabilidade social das empresas. Garantiu que na próxima edição, os critérios de avaliação manter-se-ão, mesmo com a conjuntura económica menos favorável. Empregos Online: O Great Place to Work Institute Portugal realizou mais uma entrega de prémios. Qual o balanço que faz da edição deste ano? Sandrine Lage: Até ao momento, o feedback das organizações foi o mais positivo possível. Correspondendo às expectativas das mesmas, o nosso objectivo está cumprido. Adicionalmente, os elogios do Ministro Vieira da Silva funcionam como inegável factor de motivação. O facto de reconhecer a inovação que o Instituto introduz anualmente, em Portugal, através do lançamento de novos prémios e da partilha crescente de boas práticas contextualizadas e alinhadas com a sustentabilidade, é bastante recompensador, além de confirmar o nosso papel: contribuir para uma sociedade melhor. Sandrine Lage, responsável Sperantia EO:«Uma boa ideia, sempre a mudar», foi a descrição do Great Place to Work Institute Portugal feita pelo ministro do Trabalho e da Solidariedade Social. Já tem alguma ideia de como será a próxima edição? Já tem novidades em mente? SL: A ideia da sustentabilidade e da responsabilidade social está ligada ao meu background e à missão da Sperantia que representa o Instituto em Portugal. No entanto, não é nosso objectivo aumentar o número de prémios, mas sim, disponibilizar cada vez melhores exemplos. Contudo, depende sempre dos resultados. E esses, só descobriremos no final da avaliação relativa a 2010, ou seja no final do ano. O mesmo sucedeu com o Prémio de Melhor Concelho para Trabalhar. A ideia apenas surgiu após verificarmos que a taxa do conjunto de satisfação mais elevada dos colaboradores se encontrava em Oeiras, bem como o maior número de organizações com a melhor taxa de satisfação. Já o Prémio das Melhores Para Trabalhar para as Mulheres foi criado em Portugal, por exemplo, porque inúmeros estudos publicados recentemente confirmam o desfasamento entre as condições entre homens vs mulheres. Actualmente, são inúmeras as mulheres em cargos de direcção que auferem 70% do valor salarial que o sexo masculino aufere (100%), para desempenhar a mesma função... EO: Irá haver algum ajustamento dos critérios de avaliação, tendo em conta a actual conjuntura de crise? SL: As Melhores Para Trabalhar terão sempre as mesmas características como pilar e um índice de confiança no ambiente de trabalho acima da média. Naturalmente, o máximo que pode acontecer é verificar-se (a título de exemplo) uma média de 90% de satisfação no top 5 ou 10, que poderá sofrer um decréscimo na média global. Contudo, a verificar-se não deverá ser característica única de Portugal. Pode, inclusive, suceder o inverso. Quem sabe as pessoas não começam a valorizar mais os benefícios que têm? Creio que o ajuste deverá ser feito em grande parte, do lado das empresas, para valorizarem cada vez mais os talentos – e este projecto é uma mais valia nesse sentido – e do lado dos colaboradores, que terão de entender que chegou o momento de trazer valor acrescentado à organização e de “arregaçar as mangas”. Não haverá espaço para pessoas que apenas procuram “emprego”. O próprio mercado tratará de fazer essa selecção naturalmente. EO: Porque optou por dar mais ênfase à responsabilidade social na edição deste ano? SL: Essa opção advém do meu percurso. Desde 2000 que foi uma área que sempre acompanhei e que reforcei com um mestrado em sustentabilidade. Contudo, em comparação com exemplos internacionais, considerei ser o ano mais indicado para adicionar estes indicadores ao projecto das Melhores Empresas Para Trabalhar / Best Workplaces. Hoje, mais do que em 2000, a sustentabilidade das organizações já começa a ser transversal e a ser incluída na gestão diária e de médio/longo prazo. Há dez anos – e ainda hoje, nalguns casos – caracteriza-se apenas por acções ou práticas pontuais, isoladas do contexto da organização. À semelhança da Sperantia, em Portugal, no Reino Unido, antes de existir um Great Place to Work Institute havia – e há – a Accountability, também muito ligada a questões relacionadas com RSE e Sustentabilidade. Foi um passo natural, seguindo o exemplo do Instituto no Reino Unido. EO: Concorda com a visão do ministro de que a responsabilidade social deve partir das empresas e crescer com elas de forma gradual, não devendo ser uma regra? É também contra uma possível directiva da União Europeia neste sentido? SL: Não sou contra, mas a não ser que haja fiscalização efectiva, não funcionará na prática... De qualquer modo, a responsabilidade social deve surgir numa base voluntária. Toda esta elite de organizações actua numa base voluntária, pautando-se por práticas de excelência porque entendem que reduz os riscos, potencia o seu branding, atrai talentos e torna-as mais competitivas. É uma questão de ética, mas de sobrevivência a longo prazo. A qualidade destas organizações existe porque estão sempre um passo à frente e tentam sempre ir além do que a lei prevê, ou estar acima da média de mercado. Não se contentam com a mediania. Querem ser as melhores e isso torna-as únicas. E quando falo de responsabilidade social, falo de gestão (integrando a responsabilidade interna e externa) e não de marketing social ou apenas de solidariedade social.